Investimentos industriais em Luziânia

Hoje daremos continuidade a matéria publicada pelo Jornal Valor Econômico que destaca a região de Cristalina e Luziânia em face da industrialização e do grande desenvolvimento do agronegócio:

Por: Mauro Zanatta, de Cristalina (GO) – VALOR ECONÔMICO
Foto de Luziânia, fonte: Skyscrapercity
Na vizinha Luziânia, a 60 km de Brasília, o entusiasmo é semelhante ao de Cristalina. A cidade tem o sétimo PIB industrial do Estado, lidera as exportações agropecuárias e abrigará, a partir de 2011, um novo frigorífico de R$ 100 milhões da brasiliense Asa Alimentos. “Luziânia tem, além do benefício tributário, muito milho para garantir o abate diário de 600 mil aves que faremos no futuro”, resume o empresário Aroldo Amorim. A Asa, que demanda um milhão de aves por semana em suas quatro plantas, fará a integração de 400 aviários com capacidade para 20 mil aves cada. “É um novo modelo de desenvolvimento”.

Sede estadual de agroindústrias como a multinacional Bunge, a tradicional Goiás Verde e a Minuano-JBS, a cidade também tem a Brasfrigo, coligada do grupo financeiro BMG. A indústria gera mil empregos e investiu R$ 10 milhões para modernizar e verticalizar a produção de milho, ervilha e tomate em sete fazendas, com 12 mil hectares.
Na mesma região de influência econômica, na cidade de Goiandira, a mineira Emifor Alimentos fará nova fábrica de R$ 5,8 milhões para produzir macarrão instantâneo, achocolatados, leite em pó, caldos e temperos culinários. A empresa faz alimentos para Carrefour, La Valle e União. Próximo dali, em Morrinhos, a Conservas Olé industrializará milho, ervilha, tomate e outros legumes em uma nova planta. A tradicional empresa da família Auricchio investirá em 85 mil metros quadrados no distrito industrial local, onde terá a companhia da cooperativa Láctea Complem, situada em uma das maiores bacias leiteiras do país.
Logotipo da Goiás Verde Alimentos
Para a tradicional Goiás Verde, concorrência é bem-vinda. A migração de tradicionais fábricas de alimentos para o Planalto Central adota como modelo uma das mais bem-sucedidas experiências agroindustriais do país. Nascida nos arredores de Luziânia, no entorno do Distrito Federal, a Goiás Verde Alimentos começou como uma pequena fazenda, em 1981, tornando-se um conglomerado industrial que produz desde a semente das lavouras até a proteína animal bovina.
Admirada entre os concorrentes, e em certos casos até copiada, a companhia da família gaúcha Boni acaba de inaugurar um novo moinho de trigo capaz de processar 2 mil sacas diárias do cereal. E iniciou a construção de uma termelétrica própria para abastecer a recente ampliação da capacidade de processamento de tomate industrial. A produção saltou de 650 para até 2 mil toneladas de polpa de tomate diária. Com isso, a Goiás Verde passará a industrializar 210 mil toneladas de tomate por ano. “Fizemos um alongamento de cadeia produtiva. Para nós, não existe safra. Trabalhamos todos os dias do ano, plantando ou colhendo”, resume o gerente agrícola da empresa, Carmo Spies, ex-executivo de multinacionais do setor.
Dona de 12 mil hectares na região, a Goiás Verde produz sementes de soja, milho, ervilha, tomate industrial, feijão e trigo. Sob sua administração, estão 5 mil hectares de lavouras irrigadas por 52 pivôs centrais de última geração. O conglomerado também toca 8 mil hectares de culturas de sequeiro. E complementa a produção de matérias-primas com a criação de 30 mil cabeças de gado bovino em sistema de confinamento. O ciclo produtivo se encerra com o uso do esterco animal na adubação das lavouras. “Fazemos aqui a integração lavoura-pecuária. Temos oferta garantida, alta produtividade e trabalhamos com técnica modernas, como proteção do solo com plantio direto, adubação orgânica e rotação de culturas”, diz Spies.
A atuação da companhia mexe com a região de Cristalina e Luziânia. Empregadora de 950 funcionários diretos, além de outros 150 safristas, a empresa demanda o serviço de 90 caminhões diários para transporte da safra. Parte deles, 20 veículos, é da frota própria. A Goiás Verde também gera dividendos para empresas de manutenção, embalagens e serviços. “Eles têm um projeto muito bom, todo vertical, e com diferenciais importantes”, elogia o empresário Marcos Oderich, dono da centenária indústria de alimentos do Rio Grande do Sul. A Oderich já comprou boa parte de sua produção terceirizada da Goiás Verde. Outra empresa que avalia constantemente os passos da Goiás Verde é a paulista Fugini Alimentos. “Mesmo com a construção da nossa fábrica aqui em Cristalina, vamos continuar comprando parte da produção para abastecer nossa fábrica de São Paulo”, diz o gerente de operações, Geraldo Silva.
Preparada para expandir sua produção, a Goiás Verde vê com bons olhos a chegada dos concorrentes. “Isso traz gente qualificada para a região. Traz novas tecnologias, qualifica os produtores. Não vemos como empecilho para manter nosso crescimento sustentado”, avalia Carmo Spies. As novas empresas, segundo ele, permitirão a consolidação de um “cluster” industrial de conservas e atomatados no Centro-Oeste. 
Produzido por: Mauro Zanatta – Jornal Valor Econômico

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