Dicionário de Goianês e Mineirês

Goiás e Minas Gerais são dois Estados que possuem muitas similaridades, tanto culturais, modo de ocupação e principalmente na forma de falar. Goiás surgiu através das bandeiras paulistas que procuravam ouro, então os goianos são descendentes primeiramente dos bandeirantes, dos portugueses que vieram explorar as minas e dos escravos africanos que trabalhavam nessas minas.

E os mineiros? De quem descendem? Os mineiros descendem dos bandeirantes, dos portugueses e dos escravos africanos que trabalhavam nas minas. Quando a mineração começou a entrar em decadência em Minas Gerais, muitos mineiros vieram para Goiás, com a finalidade de trabalharem nas minas que estavam sendo descobertas, e também na criação de gado nas fazendas e mais tarde os goianos também começaram a migrar para Minas Gerais. Como o povo mineiro tem as mesmas origens dos goianos e vice e versa o modo de falar que já era parecido ficou praticamente indistinguível.

Dizem que quando os mineiros chegaram em Goiás, os goianos já usavam o famoso UAI. Por isso, que os goianos falam uai sô, trem bão dimais da conta, né e também gostam de um pão de queijo.

Veja abaixo um pequeno dicionário de Goianês elaborado pelo talentoso Christian Gump:
  • Deixa eu te falar – Com a variação Ow, deixa eu te falar. Introdução goiana para um assunto sério. Nunca, mas nunca mesmo, chegue para um Goiano falando diretamente o que você tem que falar. Primeiro você tem que dizer ow, deixa eu te falar, para prepará-lo para o assunto. Em Goiás você precisa seguir o ritual de uma conversação. Ex.: “E aí, bão? E o Goiás, hein? Perdeu!
  • Tem base? É por isso que eu torço pro Vila. Oww, deixa eu te falar, lembra aquele negócio que eu te pedi…” A forma abreviada é te falar. Deixa eu te perguntar – A mesma coisa que deixa eu te falar, mas usado, obviamente, quando você vai perguntar algo.
  • Chega dói – Chega a doer. Ex.: Deixa eu te falar, essa luz é tão forte que chega dói a vista. Na verdade essa forma pode ser usada com quaisquer outros verbos combinados com o verbo “chegar”. Ex.: chega arranha, chega machuca, chega engasga.
  • Chega doeu – Chegou a doer, ou seja, o passado de chega dói. Muita gente não entendeu o porquê desse verbete no passado se já se usou o verbete no presente; afinal tratar-se-ia de conjugação verbal simples, não é mesmo? Mas a fato é que quando existe uma conjunção verbal, é o verbo auxiliar (chegar) que determina o tempo da conjunção. No Goianês é diferente. É o verbo principal que é conjugado.
  • Uai – Palavra que normalmente não tem sentido, mais ou menos como o tchê do gaúcho. Usado normalmente em respostas. Ex.: Pergunta: Goiano, você vai à festa hoje?; Resposta: Uai, vou!. Dá impressão que o uai é parecido com o ué usado em outras regiões. Mas o ué muitas vezes é usado no caso de a pessoa achar a pergunta estranha.
  • Encabulado – Impressionado. Ex.: Estou encabulado que você nunca tenha ouvido alguém falar ‘chega dói’ antes.
  • Bão? – Goianês para “Tudo bem?” Também é usada a forma bããããão?Tá boa ? – Goianês para “Tudo bem?” usado para mulheres. Em outras regiões do Brasil seria interpretado de outra forma…
  • Bão mesmo? – É comum usar o “mesmo?” depois de coisas como “e aí, tá bom/bão”, como se pedisse uma confirmação de que a pessoa tá bem e não apenas fingindo que está bem.
  • Piqui – Pequi, fruto típico de Goiás, bastante usado na culinária Goiana.
  • Mais – Substituto goiano da conjunção “E”. Ex.: Eu mais fulano estamos no Goiás.
  • No Goiás – Em Goiás.
  • Na Goiânia – Em Goiânia.
  • Pit Dog – Uma espécie de filho bastardo de uma lanchonete com uma barraquinha de cachorro-quente. Apesar desse nome estranho, os sanduíches são muito bons!
  • Queijim – Rotatória.
  • Tem base? – Expressão tão goiana que existe até em slogan impresso em bandeiras e camisetas exaltando o estado: “Sou goiano. Tem base?”. Pode ser traduzido como “Pode uma coisa dessas?”, só que usado com muito mais frequência.
  • Mandruvá – Mandorová.
  • Coró – mesmo que mandruvá.
  • Dar rata – Algo como cometer uma gafe.
  • Calçada – Pode significar: 1. Lugar para estacionar carros; 2. Local onde se colocam as mesas dos botecos e restaurantes. Note que não existe em Goiás calçada no sentido de lugar para pedestre, pois não sobra espaço para pedestres entre os carros e as mesas.
  • Anêim – Algo que parece ter vindo de “Ah, não!”, que virou “Ah, nem!” Mas às vezes é simplesmente usado na frase com um sentido de desagrado. Quando vejo escrito por aí, vejo o povo escrevendo “anein”, “aneim”, “anêim” e outras variantes. Ex.: se eu ia viajar com a turma e de repente não posso mais, alguém exclama: “Anêeeim ! Que pena!”
  • Árvre – Árvore Arvrinha – Árvore pequena.
  • Arvrona – Árvore grande.
  • Madurar – Amadurecer.
  • Corguim – Lê-se córrr-guim. Diminutivo de corgo.
  • Corgo – Lê-se córrr-go. Córrego.
  • Quando é fé – Algo como de repente, ou até que. Ex.: “Estava no consultório do dentista, ouvindo aquele barulhinho de broca, e quando é fé sai um menininho chorando de lá.”
  • Num dô conta – Pode ser traduzido como Não consigo, Não sei, não quero, não gosto, etc. No resto do país, não dar conta é usado mais no sentido de “não aguentar”. Por exemplo: Não dei conta do recado, ou Não dou conta de comer isso tudo sozinho. Já aqui em Goiás é usado para quase tudo. Ex.: Num dô conta de falar inglês (”não sei falar inglês”); Num dô conta de continuar em Goiânia nas férias (”Não quero/não aguento continuar em Goiânia nas férias); Num dô conta de imprimir usando esse programa (”não sei imprimir usando esse programa”).
  • De sal – Salgado. Ex.: Pamonha de Sal. (Eu jurava que era de milho… dãã)
  • De doce – Se “de sal” é salgado, então “de açúcar” é doce, certo? Errado! Em Goiás as coisas não são doces, elas são de doce.
  • Caçar - Procurar. Goiano não procura, goiano caça. Ex.: “Estive te caçando o dia inteiro”. “Não sei onde está, mas vou caçar esse papel para você.”
  • Trem – Qualquer coisa pode ser chamada de trem, inclusive um trem. Ex.: “Ôôô trem bão!” (ô, coisa boa!) Já ouvi até mesmo a seguinte declaração de amor: “Te amo, Trem!”.
  • Demais da conta – Em Goiás, deve-se evitar utilizar a palavra “demais” isolada. A forma correta é “demais da conta”. Ex.: “Gosto disso demais da conta!”. “Conheço a região demais da conta!”
  • Custoso – Teimoso. Também ouço como se fosse algo que dê trabalho. “Esse moleque é custoso demais da conta!”
  • Barriga-verde – Barriga-verde é um novato, alguém que ainda está “cru” numa determinada coisa. Nada a ver com os Catarinenses…
  • Disco – Um tipo de salgado frito.
  • Voadeira – Voadora (o golpe, agressão).
  • Ou quá? – Algo como “ou o quê?”. Ex.: “Você vai sair com a gente ou quá?”

Agora veja abaixo um mindicionário de mineirês fonte NABABU:

  • Cadím - é quãno eu núm quero muito… só um poquím.
  • Retrato - foto.
  • Deu - omez qui ‘di mim’. Ex.: Larga deu, sô!!
  • - fim de quarqué frase. Qué exêmpro tamêm? : Cuidadaí, sô!!!
  • - omez qui ‘pena’, ‘cumpaxão’ : ‘ai qui dó, gentch…!!’
  • Nimim - omez qui ni eu. Exempro: Nòoo, ce vivi garrado nimim, trem!… Larga deu, sô!!…
  • Nóoo- Num tem nada a vê cum laço pertado, não! omez qui ‘nossa!’ Vem de Nòoosinhora!…
  • Pelejânu - omez qui tentânu: Tô pelejânu quesse diacho né di hoje, qui nó! (agora é nó mez!)
  • Minerím - Nativo duistadiminnss.
  • Uai - Uai é uai, sô… uai!
  • Émêzzz?! - minerim querêno cunfirmá.
  • Némêzzz?! - minerim querêno sabê si ocê concorda.
  • Óiaquí - Minerim tentâno chamá atenção pralguma coizz…
  • Pão di Quêiju - Iosscêis sabe!… Cumída fundamentar qui disputacomo tutú a preferêca dus minêro
  • Tutú - Mistura de farinha di mandioca (ô di mio) cum fejão massadim. Baum dimais da conta, gentch!!
  • Trem - Qué dize quarqué coizz qui um minerim quizé! Ex “Já laveius trem!” , Qui trem bão!!
  • Nnn - Gerúndio du minerêis. Ex: ‘Eles tão brincãnnn’, ‘Ce tá ínnn, eu tô vinnn…’
  • Belzontch - Capitár duistado.
  • Pó Pô - umez qui pó colocá.
  • Poquim - só um poquim, prá num gastá muito.
  • Jisgifora - Cidadi pertín du Ridijanero. Cunfúnde a cabêss do minerim qui si acha qui é carioca.
  • Deusde - desde. Ex: ‘Eu sô magrelín deusde rapazín!’
  • Ispía - nome da popular revista ‘VEJA’.
  • Arreda - verbu na form imperativ (danu órdi), paricído cum sái. ‘Arredaí, sô!’
  • Ím - diminutivo. Ex: lugarzím, piquininím, vistidím, etc.
  • Dêndapía - Dentro da pia.
  • Trádapórta - Atrás da porta.
  • Badacâma - Debaixo da cama.
  • Pincomé - Pinga com mel.
  • Iscondidêntich - Escova de dente.
  • Pondiôns - Ponto de ônibus.
  • Sapassado - Sábado passado.
  • Vidiperfume - Vídru de perfume.
  • Oiprocêvê (ou OPCV) - óia procê vê.
  • Tiissdaí - Tira iss daí.
  • Cazopô - Caxa disopô.
  • Isturdia - Ôtru dia.
  • Proinóstáínu? - pronde nós tâmo ínu?
  • Cêssá Sêsse Ons Pasnassavas? - ocê sabe se esse ônibs passa na Savassi?
  • Reméda - imita arguêm.
  • Oncotô? - onde que eu tô?.
  • Proncovô? - pra onde que eu vô PRONQUECÊ VAI? ou ONQUECÊ VAI? - pra onde que ocê vai?
  • Cê Tá Ino Pra Ondi? - pra qual lugar ocê vai?
  • Vaicatácoquim - é igual a saipralá sô!
Fontes: http://www.christiangump.net/ e www.nababu.org/?p=898 com adaptações REDECOL BRASIL

2 Comentários

  1. opa, moro em minas e nao falo assim e nao conheço pessoas que fala assim não ;isso mais no interior onde pessoas sem estudo que usa esses dialetos;mas grande parte estao chique bem falando dificil(estudando mais)

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  2. Ah tá...uai e trem é de Minas. Ponto final

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