TBC News substitui TV Brasil Central em Goiás

A TV Brasil Central não retransmitirá mais a programação da TV Cultura, além disso, a emissora passará por uma total reformulação em sua grade, onde será implantada a TBC News, programação com notícias 24 horas por dia. Dessa forma, a emissora goiana será a primeira TV all news (somente notícias) de alcance regional do Brasil, com programas jornalísticos e de interesse social produzidos por jornalistas e profissionais goianos. O novo canal deve estrear somente em agosto, até lá, continuará como afiliada da TV Cultura.

A intenção do governo goiano é levar o sinal da TBC News ao maior número de municípios goianos, com instalação de sucursais da emissora nas principais cidades do Estado, dessa forma, diferentemente do que acontecia com a TV Brasil Central, que priorizava os fatos e acontecimentos de Goiânia, a população do interior contará com uma gama muito maior de informações da sua cidade.

É importante ressaltar que Cristalina apesar de ser um dos principais municípios goianos e contar com quase 50 mil habitantes, ainda não recebe se quer o sinal da TV Brasil Central, demonstrando a total falta de comprometimento do governo goiano em informar a população cristalinense sobre os fatos e acontecimentos do Estado. Vamos ficar no aguardo sobre a chegada da TBC News em Cristalina, que possivelmente será uma das cidades onde será instalada uma sucursal da emissora para levar notícias da cidade a todo o Estado.

O presidente da Agência Goiana de Comunicação – AGECOM, José Luiz Bittencourt Filho, afirma que a TBC News não vem para brigar com emissoras comerciais pela audiência, mas sim, subsidiar tanto os órgãos de imprensa, como a sociedade goiana de informações de qualidade, sendo um referencial na área de comunicação.

No mês de maio será definida a grade de programação e em julho a TBC News ganhará seus primeiros núcleos de produção. A instalação completa da emissora que substituirá a TV Brasil Central se dará até o final deste ano.

Veja abaixo a entrevista realizada pelo Jornal o Repórter com o coordenador do projeto de instalação da TBC News, Marcos Villas Boas:

Como é o projeto da TBC News?
Marcos Villas Boas – Queremos disponibilizar para a população o bem mais valioso da comunidade moderna, que é a informação. Nós temos uma capilaridade muito grande da TBC News, mais do que todas as outras TVs, vamos chegar em mais cidades e vamos colocar esse bem valioso, que é a informação, à disposição. Temos duas metas principais: uma é a de dar transparência para o Governo e outra é de aparelhar o cidadão goiano com essa ferramenta de sobrevivência chamada informação.

Quantos municípios receberão o sinal da TBC News?
Marcos Villas Boas – São 183 cidades com capacidade física, antenas, pra receber o sinal da TBC News. Dos 246 municípios falta pouco. As TVs comerciais não atingem nem um terço disso. Porque? Por razões comerciais. Então, a vantagem de ser televisão do Estado é que o Estado tem coragem de investir num lugar que não dá lucro. Porque a TBC News, apesar de ter projeto de ser auto-sustentável, não visa lucro.

Esse projeto exige investimentos financeiros. Como será feito?
Marcos Villas Boas – Nós vamos lançar mão de um novo perfil de atuação do poder público que são as parcerias público-privadas. A PPP vai permitir que, em curto prazo, o mercado consiga abastecer a TBC News com equipamentos de última tecnologia, feito em forma de parceria, em locação. Ao mesmo tempo em que, pelo processo normal de licitação, nós estamos propondo o reequipamento da Televisão Brasil Central, porque ela tem lá equipamento com cinqüenta anos de uso. Pra competir no mercado, que é um mercado veloz, nós também teremos que ter equipamento de ponta.

A televisão, entre os demais veículos de comunicação, detém uma boa fatia do mercado publicitário. O projeto da TBC News conta com essa possibilidade de receita?
Marcos Villas Boas – Só se for competente. Se não for competente ninguém vai botar dinheiro em propaganda em televisão que ninguém vê. Então, a nossa competência está em fazer a televisão ser vista, ser respeitada, ser um ponto de convergência e informação do contribuinte, do consumidor, do cidadão. Se a TBC News tiver credibilidade, as agências vão investir lá. Se não fizermos um produto de qualidade, não adianta nem mendigar.

Além do modelo “all news”, a TBC trará as informações com abrangência, abordagem, perfil regional?
Marcos Villas Boas – Sim. Primeiro vamos fazer com que a região se sinta como região. Você pergunta pra pessoa sobre o que ela sabe das notícias do que está acontecendo no Estado de Goiás. Ela sabe da cidade dela. Então, nós temos, hoje, as TVs falando de Goiânia pra Goiânia. Se você tem uma sucursal de uma TV em Rio Verde, ela fala de Rio Verde pra Rio Verde. A TV regional significa que você vai fazer com que a região se conheça.

Vamos pegar a informação interiorana e trazer pra um contexto regionalizado. Ao mesmo tempo, vamos pegar a informação que é externa, nacional e internacional, e dar pra ela um contexto regionalizado. Porque tudo que acontece no mundo tem alguma repercussão que interessa à região. Tudo que acontece, isoladamente, em um município, também tem alguma repercussão que interessa na região como um todo.

A TV pública deve servir à sociedade. Como está assegurada, no projeto, a autonomia na definição da produção, programação, conteúdo?
Marcos Villas Boas – A palavra autonomia se aplica em vários aspectos. Primeiro, é a autonomia de programação. Nós vamos deixar de fazer parte de uma rede, podemos fazer a programação que convém à sociedade goiana e do Centro Oeste e isso faz com que a gente tenha autonomia pra poder inserir a informação atendendo aos interesses do Estado. As outras redes têm dificuldades pra isso. Tem uma programação nacional que eles têm que obedecer, horário definido prá dar a informação.

Nós não. A informação vai ser dada no horário em que o fato acontece. Isso do ponto de vista da programação. Autonomia política. Capacidade de dizer o que precisa ser dito. Mesmo sendo uma TV oficial, estatal, que está a serviço do Governo, e que tem como compromisso dar transparência ao Governo, essa TV também vai manter o compromisso com a informação e com a ética. A autonomia, ela é diretamente proporcional à utilização da capacidade das pessoas em manter a ética. Ninguém tira autonomia de alguém que é ético.

Então, a ética é a bandeira principal, é a qualidade principal que vai dar para a TBC News o seu respeito, a sua credibilidade. Ninguém, de sã consciência, vai querer fabricar uma informação falsa ou camuflar uma informação em um ambiente onde a credibilidade é cultuada por todos.

A implantação da TBC News deve ocorrer ainda no primeiro semestre. Como está o cronograma?
Marcos Villas Boas – Até o dia 31 de março a TBC News está em discussão pela sociedade goiana, do Centro Oeste, de tantos quantos queiram discutir, sugerir, propor, influenciar e colocar a sua idéia na TV que nós queremos. Qual é o perfil ideal da TBC News? Qual é a programação ideal, de interesse da comunidade? No dia 31 de março essa discussão se encerra e não se fala mais nisso. Nós vamos passar então para um período de implantação. No mês de abril vamos colocar em prática toda a programação âncora da televisão. São os telejornais e as intervenções de tempo em tempo em que a notícia vai ser atualizada. E o que nós chamamos de informação factual. E no mês de maio, nós teremos mais trinta dias pra rechear o restante da programação com outro tipo de informação que não seja a factual, pra poder fazer as interpretações, discussões, debates e repercussões daquilo que é fato. Mas uma verdade já é aceita: tudo que for feito na programação é em cima do compromisso com a informação. Então, em nenhum horário que você for na TBC News vai encontrar informação fria, ou algum assunto que não é do momento, ou alguma discussão sobre uma coisa que já aconteceu há tempos ou que vai acontecer daqui a muito tempo. É sempre em cima da informação do momento.

O projeto da TBC News oferece mecanismos para o debate público?
Marcos Villas Boas – Total. Eu acho que toda espécie de notícia repercute em alguma interferência na vida do cidadão. E isso tem que ser debatido. Pra ser debatido nós temos que procurar valores da sociedade pra debater. O que nós não podemos fazer é o jornalismo ensimesmado, em que nós achamos que a nossa opinião é a que vale. E bota meia dúzia de jornalistas em volta de uma mesa, lendo jornal e batendo boca entre si. Nós temos que repercutir isso em debate, mas, em que a sociedade coloque as suas opiniões no debate. E não que nós mesmos fiquemos lá ruminando as nossas opiniões e numa queda de braço pra saber quem tem razão.

A qualidade da informação é fundamental para o sucesso do projeto. E a mão-de-obra? Está preparada?
Marcos Villas Boas – O Estado de Goiás tem mais jornalistas em atividade no exercício da assessoria do que a prefeitura de Goiânia tem guardas do trânsito. O Estado de Goiás tem mais jornalistas trabalhando na assessoria do que o Governo Federal tem de cientistas pesquisando no Brasil inteiro. Ou seja, nós temos um grupo amplo, capaz, competente, experiente, tem gente nova entrando por concurso que dá um gás novo, dá uma visão nova, de modernidade, de tecnologia. E nós temos obrigação de fazer um projeto bem feito e de fazer a informação de qualidade. Se não, não vale a pena manter esse batalhão sustentado pelo contribuinte.

A TBC News é um projeto audacioso. Qual é o principal desafio?
Marcos Villas Boas – Mudança de cultura. Tem uma cultura antiga que estabelece que televisão oficial é pra camuflar a notícia complicada e pra forjar a notícia que não foi possível. Isso tem que ser mudado em termos de cultura. O cidadão quer transparência por parte do Governo do Estado. E este vai ser o principal mecanismo para dar transparência. Isto é uma mudança de cultura no poder.

Segundo, tem que mudar a cultura no próprio meio de formulação da notícia. Hoje nós temos aí o modo de fazer televisão em que o telejornal manda uma equipe, que ta lá, fazendo a filmagem, o jornalista passa no caminho, toma um cafezinho, chega na redação, bate um papo, senta pra escrever, edita, monta a matéria e no fim do dia ele vai mentir que aquilo lá é notícia atual. Já se passaram quase 8 horas do fato, ele já devia ter feito a repercussão daquilo que noticiou há oito horas atrás. Ou seja, esse modus operandi, em que a informação tem prioridade, é a novidade. Ou seja, haverá momentos em que a gente vai pecar pela forma.

Vai ao ar uma imagem que não é aquela imagem de qualidade, que a plástica condenaria. Mas a informação ta lá. Vai ter momento que nós nem teremos a imagem, alguém vai estar em algum lugar relatando. Mas a notícia está lá. O que é essa capacidade de dar informação? É fazer com que você, cidadão, de posse dela possa tomar decisões no seu cotidiano. E assim errar menos. Se você sabe que haverá um movimento financeiro, que vai haver alta no dólar, e você comercializa com produtos importados, você vai correr na frente e solucionar. Se você sabe que está havendo uma alteração política no corpo de comando da área governamental de agricultura e você trata com defensivos agrícolas, você vai correr e vai tomar decisões importantes pra se precaver. Ou seja, nada acontece por acaso e nem isoladamente. Se nós soubermos dar essa informação para o cidadão utilizá-la pra tomada de decisões no cotidiano, certamente ele vai errar menos e vai conseguir construir as circunstâncias de maior conforto.

A criação da TBC News fortalece a decisão de se implantar o Sistema Integrado de Comunicação?

Marcos Villas Boas – Não tem sentido você pensar na TBC News se um assessor de imprensa não se interessa por utilizar esse mecanismo de comunicação e mais, se ele não cumpre a sua obrigação de fazer a informação chegar ao contribuinte através desse mecanismo de comunicação.

Por outro lado, não tem sentido criar a TBC News se ela não se interessa pelo cotidiano daquela secretaria onde aquele assessor de imprensa ta labutando, pra dar visibilidade pra aquela informação. Ou seja, se não houver essa integração, cada um fica trabalhando pra própria causa isoladamente, criam-se pequenos feudos de informação e no fim o Estado não tem visibilidade.

O que acontece?! Todo fim de ano o governante quer fazer um balanço de fim de ano do que o governo fez. Custa um absurdo, porque ao longo do ano os jornalistas não foram competentes e nem comprometidos o suficiente pra fazer com que a população tomasse conhecimento ao longo das realizações.

Vai o contribuinte pagar uma big duma campanha pra dizer que o governo, em janeiro desse ano – já é dezembro – fez isso, fez aquilo; em fevereiro fez isso e aquilo. Ou seja, nós temos que assumir o nosso papel, que é de responder à nossa obrigação paga pelo contribuinte, e dar visibilidade e transparência às coisas de governo.

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