Número de pedintes aumenta em Brasília no fim de ano


Com a chegada das festas de fim de ano, cresce o aumento de consumidores nas ruas e junto com ele, o número de pedintes por toda a cidade, principalmente próximos a pontos turísticos e áreas de compras. Segundo levantamento da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda (Sedest), neste período do ano, o número de pessoas pedindo esmolas chega a crescer até 80% no Distrito Federal.
O Coordenador de Ações Especiais da Sedest, Evanildo Sales Santos, explica que o número de pedintes começa a aumentar já no mês de setembro e segue até fevereiro. “Esse período é crucial. Vai das festas de final de ano até o início das aulas, quando muitos esperam ajuda com o ganho de materiais escolares”, esclareceu.
Evanildo explica ainda que a Sedest atua durante todo o ano no resgate dos vínculos familiares de moradores de rua que tem parentes no DF e na acolhida e retorno para as cidades de origem daqueles que moravam em outra cidade. “Nossa maior meta é fazer com que eles retornem para casa, seja no DF ou em outra cidade”, garantiu.
Para quem mora fora do Distrito Federal, após averiguação do caso, o GDF oferece estadia em albergues e passagem de ônibus para o retorno à cidade de origem. Segundo dados da Sedest, somente este ano, mais de 3,6 mil moradores de rua receberam atendimento. Sendo que destes, 2.083 foram beneficiados com passagens para voltarem para suas cidades e 687 encaminhados para acolhimento em abrigos.
Já os outros receberam apoio para voltaram para a casa de familiares no DF. Os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas) são as entidades responsáveis por trabalharem o retorno dessas pessoas para junto de seus familiares.
No próximo mês de dezembro será divulgado o resultado oficial do Censo da População em Situação de Rua no DF. A nova pesquisa foi encomendada pela Sedest para atualizar informações importantes para realização de políticas públicas direcionadas para essa população. 

Experiência ruim

A experiência de sair de sua cidade para pedir esmolas no DF não foi boa para o Alagoano de 40 anos, Adelmo Lourenço. Ele está há dois meses em um albergue do governo na espera de uma passagem de volta para casa.
“Pensei que iria conquistar alguma coisa aqui no DF, mas não consegui nada. Se não fosse esse albergue estaria vagando na rua sem emprego”, disse. “Mas até lá vou continuar pedindo esmolas, porque consigo um pouco mais do que o abrigo me oferece”, acrescentou.
Já para Elaine dos Santos, 23 anos, mãe de quatro filhos, pedir ajuda na rua é a única forma de conseguir alguma renda. “Desde pequena vivo de pedir doações na rua, e vou continuar pedindo. Nessa época de fim de ano é melhor porque as pessoas ficam mais solidárias com nossas necessidades”, contou Elaine. 

Áreas críticas

O maior número de moradores de ruas no DF está concentrado nas cidades de Ceilândia, Taguatinga, Asa Sul e Norte, Cruzeiro e Guará. Em cidades mais pobres como Ceilândia a concentração é maior pela facilidade de acesso às drogas. Já nas áreas mais nobres como o Plano Piloto, a maioria está à procura de doações e esmolas.
No caso do Plano Piloto, no período de Natal, os locais mais visados pelos pedintes são as proximidades de shoppings, a Rodoviária do Plano Piloto e a Ponte do Bragueto - no final da Asa Norte - devido ao grande fluxo de carros que passam pelo local.
Desde o início do ano, foram realizadas nessas áreas mais críticas 57 operações de averiguação. Outras cinco já estão agendadas até o final de 2010.
No caso dos migrantes grande parte vem do nordeste, principalmente do Piauí, Bahia e Goiás. Além de cidades do entorno do DF, que também acumula um grande número de pessoas que seguem para a capital em busca de ganho fácil.
E para abrigar aqueles que comprovadamente não têm onde morar no DF, o governo disponibiliza três albergues voltados para moradores de rua, idosos e mulheres desassistidas. Atualmente somente no Albergue Conviver, localizado em Taguatinga, vivem mais de 500 pessoas que estavam em situação de rua. 

Conscientização

A campanha intitulada “Esmola hoje e amanhã?” realizada durante todo o ano pela Sedest é mais uma iniciativa de conscientização contrária ao ato isolado de dar esmolas.  Ainda segundo Evanildo Sales, ajudar dessa forma não melhora a situação dessas pessoas. Para ele, dar dinheiro ou qualquer outro tipo de doação nas ruas apenas perpetua o quadro.
Sales sugere que o cidadão procure outras alternativas de colaborar, como entidades que atendem pessoas carentes ou ONGs de assistência social. “O GDF através do número 08006471407 tem uma lista de entidades de assistência, fiscalizadas pelo governo, que precisam muita dessa ajuda”, disse. “Este é um caminho mais correto e seguro para amparar pessoas realmente necessitadas”, justificou o coordenador.

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